
No sexto artigo sobre os Aeroportos Brasileiros, falaremos sobre o Aeroporto Internacional de Manaus – Eduardo Gomes, no estado do Amazonas.
Atualmente é o maior aeroporto da região Norte do Brasil, possuindo uma capacidade de 13,5 milhões de passageiros/ano, sendo o mais movimentado aeroporto que a Infraero administra no quesito transporte de mercadorias, sendo responsável por cerca de 28% de todo o movimento de cargas gerenciadas pela estatal no país no ano de 2018. No ano passado (2019) 2.971.583 passageiros passaram pelo aeroporto, levando-o a ocupar a 17º posição no ranking de aeroportos mais movimentados do país.
Sua grande impotância se dá, também, em virtude da dificuldade existente nas outras vias de transporte, como a terrestre e a fluvial. Veja agora sua história e desenvolvimento no decorrer dos anos.
História e Desenvolvimento
Aeroporto de Ponta Pelada
Primeiramente, deve ser citado que o Eduardo Gomes não foi o primeiro aeroporto de Manaus. O primeiro aeródromo de Manaus, chamado de Ponta Pelada, foi construído e inaugurado em plena Segunda Guerra Mundial, mais precisamente no ano de 1944, com apoio logístico e financeiro do governo Norte Americano, com o intuito de facilitar o pouso e decolagem de aeronaves mais potentes, tanto civis quanto militares. Com o fim da Segunda Guerra, passando a operar voos civis e militares e, na década de 1970, tornou-se um aeroporto militar brasileiro.

Em 1941, o governo de Getúlio Vargas conseguiu do governo dos Estados Unidos um grande aporte financeiro para a construção da Usina de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, uma obra muito importante para o desenvolvimento industrial do Brasil. E em contrapartida, o governo brasileiro comprometeu-se em fornecer minério de ferro e borracha para os países Aliados.
Nos acordos constavam que o governo brasileiro autorizaria o livre trânsito de militares americanos em Manaus, para implementarem a produção do látex para ajudar nos esforços de guerra ( usado na fabricação de pneus dos aviões e automóveis dos USA, França e Inglaterra) pois naquele momento os países produtores asiáticos daquele material estavam bloqueados pelos inimigos japoneses. O transporte aéreo de borracha na rota Manaus-Miami era realizado por hidroaviões Catalina.

O local escolhido foi uma grande área descampada, no bairro do Crespo, atual Avenida General Rodrigo Otávio, 35, conhecida como “Ponta Pelada”. O local era propício para a construção da pista de pouso, e a área foi doada pelo poder executivo estadual ao Ministério da Aeronáutica.

Com o término da Segunda Guerra, ocorrido em 1945, o Aeroporto de Ponta Pelada passou a ser operado pelo governo brasileiro, depois, pela empresa pública INFRAERO em 1973 e, pelos militares a partir de 1976, em decorrência da inauguração do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes. Atualmente, o Aeroporto de Ponta Pelada é administrado pela Força Aérea Brasileira (Base Aérea de Manaus – BAMN), servindo, exclusivamente, para pousos e decolagens de aviões militares e da Polícia Federal.

A construção do Aeroporto Internacional de manaus
No começo, quando houve o plano inicial para a implantação de um complexo aeroportuário em Manaus, foi realizada uma avaliação econômica das alternativas de localização do aeroporto, que abrangeu não somente os custos das obras, mas que incluísse também os custos de operação, o de transporte terrestre dos passageiros entre a cidade e o aeroporto, e a logística. Foi então escolhida uma área localizada nas vizinhanças do igarapé Tarumã-Açu, onde atualmente se encontra o bairro Tarumã, região Noroeste da cidade.
Tendo como foco o desenvolvimento e uma maior integração da região amazônica, o então Ministério da Aeronáutica, em 1968, constituiu um grupo de trabalho realizar estudos de viabilidade e propor uma solução para que o Aeroporto Internacional de Manaus atendesse os requisitos de aeronaves de diferentes portes, seguindo as normas estabelecidas pelas entidades internacionais reguladoras. O grupo ficou responsável por todos os trabalhos de coordenação relacionados ao desenvolvimento do aeroporto.

O Governo do Estado do Amazonas, por meio de Decreto, formalizou a doação à União de uma área de 8.025.618.3025 metros quadrados de terras devolutas do patrimônio estadual, para que nela fosse construído o aeroporto.
O aeroporto foi construído seguindo os mais avançados padrões da aviação civil da época, e por décadas permaneceu como um dos mais modernos complexos aeroportuários brasileiros. O terminal de passageiros 1, com estrutura em concreto armado, foi o primeiro do país a operar com pontes de embarque e desembarque de passageiros.
No dia 26 de março de 1976, em cerimônia com a presença do então presidente da República na época, Ernesto Geisel, foi inaugurado o Aeroporto Internacional de Manaus, sob responsabilidade técnica, administrativa e operacional da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero. Foi o primeiro aeroporto da Infraero a ter pontes de embarque e todo sistema automatizado, fazendo com que se tornasse o mais moderno do país na época de sua inauguração.

Na década de 1980, com o objetivo de atender a demanda crescente da aviação regional, foi construído o Terminal de Passageiros 2, conhecido como Eduardinho, sendo inaugurado em março de 1985, sendo este novo terminal construído em uma área anexa ao Terminal de Passageiros 1. O Eduardinho dispõe de completa infraestrutura para atender os passageiros da aviação regional, fundamental para a integração da Região Amazônica. Dispunha de uma sala de embarque e uma sala de desembarque.


Durante a década de 1980, o Aeroporto Eduardo Gomes já começava a demonstrar sua importância no recebimento de insumos e para o escoamento de produtos industrializados na Zona Franca de Manaus. O Terminal de Carga Aérea I (TECA I) foi inaugurado juntamente com o aeroporto, em 1976, e foi elaborado com o intuito de movimentar as mercadorias produzidas na Zona Franca de Manaus. Já o Terminal de Carga Aérea II (TECA II), foi inaugurado em 1980, para a movimentação de cargas de exportação e o Terminal de Carga Aérea III (TECA III) foi inaugurado foi inaugurado em 14 de dezembro de 2004, sendo direcionado ao movimento importações, tanto de insumos como de recebimento de importações em geral, que são distribuídos posteriormente no Brasil.

O Terminais de Carga Aérea de Manaus por diversas vezes foram considerados os de maior movimentação do país, devido ao grande numero de voos de cargas que operam por lá. Por se tratar de um aeroporto de entrada, principalmente de aeronaves provenientes da América do Sul, Central e do Norte, e também pelo Pólo Industrial de Manaus, os TECAs do Aeroporto Eduardo Gomes são responsáveis por grande número de receita gerada ao estado do Amazonas.


Nos anos 2000, o aeroporto passou por obras que trouxeram melhorias em suas instalações, como o recapeamento das pistas de pouso e decolagens e de taxiamento, a ampliação do pátio de estacionamento de aeronaves do Terminal de Passageiros 1, a recuperação do pátio do Terminal de Logística e construção da via de acesso para os Carros de Combate à Incêndio. Houve também a modernização do saguão e adequação da infraestrutura para atendimento a portadores de necessidades especiais.
Em 2018, o Aeroporto Internacional de Manaus/Eduardo Gomes foi eleito o melhor terminal aeroportuário na categoria de até cinco milhões de passageiros processados por ano. Numa escala onde a nota máxima é 5, o terminal ficou à frente de outros sete aeroportos, com nota 4,48, evolução de 2,7% em relação à sondagem anterior.

Acidentes e Incidentes
Voo Transbrasil 801
No dia 21 de março de 1989, um Boeing 707 cargueiro, de prefixo PT-TCS, operado pela Transbrasil, realizava o voo 801 partindo de Manaus para Guarulhos, na Grande São Paulo. Durante a fase de aproximação ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, a aeronave perdeu sustentação e caiu minutos antes do pouso. O acidente deixou 25 mortos, entre tripulantes e moradores, em um terreno ocupado por favelas do Jardim Ipanema.

Voo Rico 4815
Em 14 de maio de 2004, um Embraer EMB 120 Brasília, operado pela empresa brasileira Rico Linhas Aéreas, caiu enquanto se preparava para pousar no Aeroporto Internacional de Manaus. Todos os 33 passageiros e tripulantes a bordo da aeronave morreram nesse acidente.

Voo Gol 1907
Este talvez seja o mais famoso acidente que envolva o Aeroporto internacional de Manaus. No dia 29 de setembro de 2006, um Boeing 737-800, operado pela Gol Linhas Aéreas, realizava o voo 1907 de Manaus para o Rio de Janeiro, com escala técnica no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. Enquanto sobrevoava o estado do Mato Grosso, o Boeing chocou-se frontalmente com um Embraer Legacy 600, perdendo inicialmente cerca de um terço da asa esquerda, ficando incontrolável. A aeronave entrou em mergulho, vindo a desintegrar-se antes de atingir o solo, em meio à selva amazônica, não havendo sobreviventes. O Legacy, apesar de ter sofrido danos graves na sua asa e estabilizador horizontal esquerdo, acabou por pousar em segurança com seus sete ocupantes na Base Aérea do Cachimbo, no Pará.

Incidentes
Em 14 de julho de 2006, um Boeing 707 cargueiro da Skymaster Airlines executou um pouso de emergência no aeroporto. Após sobrevoar a cidade por mais de uma hora, a torre de controle confirmou que o trem-de-pouso dianteiro não havia descido. A aterrissagem “de nariz” foi bem sucedida e o avião permaneceu por cerca de 4 horas na pista até que a carga embarcada fosse removida e o trem-de-pouso abaixado, possibilitando sua retirada da pista.
No dia 26 de março de 2009, pedaços de um dos motores de uma aeronave cargueira modelo DC-10, de uma empresa colombiana, que partiu do Aeroporto Internacional de Manaus, em direção a Bogotá, na Colômbia, caíram sobre a Zona Norte de Manaus, atingindo pelo menos 16 casas. Ninguém ficou ferido.
No dia 15 de junho de 2019, uma aeronave ATR-42, da MAP Linhas Aéreas, de prefixo PR-MPN, fez um pouso de emergência no aeroporto internacional de Manaus. Ele tinha como destino a cidade de Carauari. A aeronave precisou retornar devido a um problema no trem de pouso e fazer um pouso de emergência, bem-sucedido, no aeroporto Internacional Eduardo Gomes.

Dados Técnicos e Operacionais
Ficha Técnica
Terminal de Passageiros 1
Área Bruta Locável (ABL): 7.779 m², segmentada em:
Varejo: 3.296 m²
Serviços: 2.238 m²
Alimentação: 1.977 m²
Ação Eventual: 265 m²
Total de pontos comerciais: 138
Terminal de Passageiros 2
Área Bruta Locável (ABL): 287 m², segmentada em:
Varejo: 14 m²
Serviços: 118 m²
Alimentação: 155 m²
Total de pontos comerciais: 17
Movimento: 2.402.587 pax em 2016
6.582 pessoas diárias
37.952 aeronaves até dezembro
Companhias aéreas: American Airlines, Azul, Copa, GOL, MAP, Latam, TAP, Total.
Siglas: ICAO (SBEG) / IATA (MAO)
Elevação: 262 ft (80 metros)
Dimensões da pista: 2.700m x 45m

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