Aeroporto de Congonhas: De substituto a titular absoluto!

Foto clássica do Aeroporto de Congonhas em meados dos anos 1980.

Hoje iniciaremos uma série de artigos abordando os principais aeroportos brasileiros. Uma breve pincelada sobre sua História, operações, curiosidades e dados técnico-operacionais.

E o primeiro aeroporto da série será o de Congonhas, na cidade de São Paulo – SP.

O Aeroporto de São Paulo ou, mais conhecido como Aeroporto de Congonhas, foi inaugurado no dia 12 de abril de 1936. Essa foi a data oficial, pois dois anos antes começou a funcionar de maneira provisória, devido a uma enchente que levou ao fechamento do Aeroporto Campo de Marte por quatro meses. Enchentes eram comuns no Aeroporto de Campo de Marte, o principal da época. O Rio Tietê, próximo ao aeródromo, costumava ter enchentes que acabavam por deixá-lo inutilizável, causando muitos transtornos aos usuários do transporte aéreo da época na cidade. Deve-se lembrar que a aviação não era levada de maneira muito séria na época, por isso, os governantes demoraram a perceber os transtornos que estavam acontecendo.

Devido à essas inundações, o poder público resolveu então pensar em um meio de adquirir um novo local para a um campo de pouso que fosse seguro para a população. Decidiram então o local, que seria a Vila Congonhas, no Distrito de Campo Belo, um local afastado (cerca de 10 km do centro da cidade) e pouco movimentado na época. Quando passou a ter duas pistas e com operações mais regulares, passou a ser conhecido popularmente por Campo da VASP. Aliás, a História da VASP e do Aeroporto de Congonhas se fundem no decorrer da História.

Fotografia aérea do Aeroporto de Congonhas, em 1936.

Curiosidade: O nome CONGONHAS foi uma homenagem a Lucas Antônio Monteiro de Barros, o Visconde de Congonhas do Campo, que foi o primeiro governante da Província de São Paulo após a Independência do Brasil em 1822. O nome “Congonhas” vem de um tipo de erva-mate comum na região de Congonhas do Campo, em Minas Gerais, cidade natal do Visconde.

O desenvolvimento do Aeroporto nas décadas de 1940 e1950

Em meados da década de 1940, quando se notava que o fluxo de aeronaves estava aumentado gradativamente, a Secretaria de Estado dos Negócios e da Viação estabeleceu que Congonhas seria administrado por um representante do governo estadual, tendo assim, o estado investido pela primeira vez uma quantia considerável no Aeroporto, principalmente no primeiro período e ao lado da pista de pouso, onde fora construída uma singela estação de passageiros.

Congonhas em 1940.

No ano de 1942, houve o pedido de estudos de melhorias do Aeroporto de São Paulo. Já em 1947, iniciou-se a primeira grande reforma do aeroporto, e, em 1949, concluiu-se a obra de prolongamento da pista principal de pousos e decolagens, para o comprimento de 1.865 metros. Congonhas estava se tornando o principal e mais movimentado aeroporto do Brasil e, com isso, os investimentos não paravam de chegar. No ano de 1951, foi construída a primeira torre de controle.

Aeroporto de Congonhas, 1944.

Já em 1955 o novo terminal de passageiros foi inaugurado, e em 1957 o Aeroporto de Congonhas passa a ser o terceiro do mundo em movimento de carga aérea, só ficando atrás dos aeroportos de Londres (Heathrow) e o de Paris (Charles de Gaulle).

No ano de 1959 houve um marco na História do aeroporto, que até hoje faz parte do cotidiano das operações: A inauguração da ponte aérea Rio-São Paulo. Com um acordo firmado entre as companhias Varig, Vasp e Cruzeiro do Sul que operavam as aeronaves Convair 240, Scandia e Convair 340, respectivamente, na ligação aérea entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, a ponte aérea se tornou uma marca registrada de Congonhas, colaborando assim com o aumento cada dia maior no número de passageiros.

Usúarios da época contam que os passageiros da Ponte Aérea possuíam um comportamento em comum. A pressa, os ternos impecáveis e a leitura quase que obrigatória dos jornais transformava o saguão de Congonhas em um grande escritório. Os executivos pegavam os voos geralmente na parte da manhã e voltavam no fim do dia. Era nessa hora do dia que o saguão se transformava em um local menos sério, com gravatas afrouxadas, ternos amassados e cafés cheios de conversas descontraídas.

Terminal de passageiros, 1950.
O lendário Lockheed Electra II, ícone da Ponte Aérea por três décadas.

O protagonista da Aviação Comercial brasileira

Nas décadas de 1960 e 1970, Congonhas já era o principal aeroporto de passageiros do Brasil. Seu movimento crescia a cada dia mais e novas companhias aéreas e benfeitorias iam chegando.
A partir do ano de 1981,  o Aeroporto passou a ser administrado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero e, obras de melhorias e aquisição de equipamentos foram sendo feitos, tanto no terminal de passageiros, como nos pátios e pistas, visando elevar a eficiência operacional do aeroporto. Uma dessas obras foi a ampliação da pista principal para 1.934m , ampliação da cabeceira da pista 16 (hoje RWY 17) afim de agilizar as manobras das aeronaves maiores (como o Boeing 727), construção de armazéns aduaneiros, melhoria e construção de salas para a Ponte Aérea.

Decolagem de um Boeing 727-100 da VASP

No ano de 1985 houve a transferência dos voos internacionais e domésticos para Aeroporto Internacional de São Paulo (Cumbica), em Guarulhos, ficando apenas voos regionais e os voos da ponte aérea Rio-São Paulo em Congonhas. Por incrível que pareça, Congonhas ficou alguns anos com sua malha aérea reduzida drasticamente, Com apenas os voos da ponte aérea e voos executivos operando em suas instalações, algo inconcebível nas mentes de passageiros que o usam atualmente. Só em 1990 o aeroporto passou a receber voos domésticos novamente.

Com a chegada da década de 1990, os lendários turboélices Lockheed Electra II, que foram usados de 1962 a 1992, começaram a serem trocados pelos modernos jatos Boeing 737-200 e 300.

Boeing 737-300 da VASP pousando em Congonhas
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Boeing 737-200, apelidado carinhosamente de “Breguinha”

Principais acidentes

Em 1996 ocorreu o primeiro grande acidente aéreo que foi o voo 402 da TAM, que tinha como destino a cidade do Rio de Janeiro. Uma falha de sistema do motor da aeronave Fokker 100 fez com que o reverso abrisse em voo, fazendo com que o piloto perdesse o controle e caísse sobre o bairro do Jabaquara, matando 96 passageiros e tripulantes e outras 3 pessoas em solo.

Fokker 100 matrícula PR-MRK, acidentado em 1996.

Com a chegada dos anos 2000, diversas modificações e adaptações precisaram ser feitas no aeroporto, devido ao enorme tráfego. A adoção dos SLOTS (reserva de pátios e movimentações) se tornou cada vez mais necessária, e sua importância estratégica e operacional cada dia se efetivava.

No dia 17 de julho de 2007, ouve o segundo grande acidente aéreo em Congonhas, quando um Airbus A320 da TAM, que procedia de Porto Alegre, ultrapassou o fim da pista 35L, vindo a se chocar com o prédio da própria empresa na avenida Washington Luís, matando 12 pessoas em solo e outras 180 passageiros e sete tripulantes a bordo.

Congonhas, o gigante de 80 anos!

Mesmo com mais de 80 anos desde sua criação, o aeroporto de Congonhas ainda é e por muito tempo será um dos protagonistas da aviação comercial brasileira. Sua importância operacional e estratégica, principalmente para voos de negócios da capital econômica brasileira, que é a cidade de São Paulo, o torna um ícone dentre os aeroportos do Brasil.
Apesar de atualmente ser considerado um aeroporto relativamente pequeno comparado ao número de operações diárias, Congonhas foi, é e por muito tempo será um marco histórico da Aviação Brasileira.

Pátio de Congonhas, novembro de 2019

Dados técnicos e operacionais de Congonhas

Siglas IATA /ICAO: CGH /SBSP

Sítio Aeroportuário: 1.647.940,57m²

Pátio de Aeronaves: 77.321 metros²

Pontes de Embarque: 12 

Estacionamento de aeronaves – Aviação Comercial – Médio Porte: 27 posições – 12 com fingers e 17 em posições remotas

Estacionamento de aeronaves – Aviação Geral: 25 Posições

Dimensões da pista – Principal: 1.940m x 45m  – 17R/35L, elevação de 802m (2.630 pés)

Dimensões da pista – Auxiliar: 1.345m x 45m – 17L/35R

Terminal de Passageiros: 64.579 metros²

Passageiros Capacidade/ano: 17,1 Milhões

Fique atento aos novos posts do AviationCult. Iremos abordar outros aeroportos e diversos outros temas!

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