Sabe-se que a profissão de piloto de aeronaves é uma dentre várias que estão ameaçadas pela implementação e avanço da tecnologia. Mas seria mesmo possível aeronaves comerciais voando pelos céus sem pilotos para guiá-las? Aeronaves Autônomas, como isso aconteceria? Essas e outras questões serão abordadas neste artigo.
A verdade que ainda não é muito conhecida por leigos é que aeronaves voando sem pilotos já fazem parte de nossa realidade há muitos anos. Podemos considerar os balões os precursores do que são os veículos aéreos não tripulados nos dias de hoje.
Mesmo antes de sua utilização com propósitos comerciais, os balões foram utilizados pelas forças militares, afim de bombardear o território inimigo. Os primeiros foram utilizados como Cocktail Molotov para atingir determinado alvo no solo e assim, incendiá-lo.
Posteriormente, no ano de 1849, as forças navais austríacas utilizaram balões carregados com explosivos para bombardearem o território inimigo. Esses balões continham barbantes, acoplados em dinamites, que eram utilizados nas bombas e “programados” para explodirem em seu destino final.
Logicamente, a precisão não era um dos pontos fortes da operação pois, além de um temporizador (o barbante) não ser necessário, a navegação utilizada na época era um tanto quanto rudimentar, além de determinada somente pela força dos ventos. Logo, a deriva ocasionada e os efeitos da intensidade do vento não eram calculados, tampouco corrigidos, não levando os balões ao destino desejado.
Mesmo não obtendo total sucesso nas operações, tais táticas propiciaram a utilização de aeronaves sem tripulantes, mesmo em um futuro distante.
Aeronaves Autônomas SÃO Uma Realidade
Após anos de evolução constante, já é realidade nos dias de hoje a utilização de aeronaves sem tripulantes para missões militares, conhecidas como UAVs. Essas aeronaves voam sem a presença de pilotos em seu interior. Grande parte da tecnologia de uso civil nos dias de hoje, na grande maioria das vezes foi criada para uso militar e, só posteriormente, destinado para uso civil. Um grande exemplo é o GPS.
Mas será mesmo que essa modalidade poderi犀利士 a se sustentar na aviação comercial? Quais seriam as vantagens e as desvantagens? Para obtermos a resposta seria injusto não considerarmos o elemento primordial de aceitação de nova tecnologia existente: o cliente! Somente o cliente tem o poder de responder sobre a adoção ou não dessa tecnologia nas aeronaves comerciais.
É fato que a tecnologia necessária já existe para as Aeronaves Autônomas, porém o mercado (cliente) talvez não esteja maduro o suficiente para aceitar essa quebra de paradigma. Mas não por muito tempo. Carros autônomos já existem, inclusive no Brasil, porém não tiveram uma boa aceitação devido a acidentes ocorridos envolvendo pedestres. Então isso
significa que os carros não são seguros? Quantos pedestres são atropelos diariamente por carros não autônomos? Voltemos ao core deste artigo.
Um Processo Disruptivo Na Aviação
De acordo com estudos Mckinsey, a profissão de piloto comercial tem 55% de chances de passar por um processo disruptivo nos próximos dez anos. Se colocarmos em perspectiva que o mesmo processo ocorreu com as frotas de táxis, porque não a mesma analogia para os aviões? Afinal, em qual segmento de negócios o UBER está? Porque não com os navios?
Em qual segmento de negócios o navio está? E os caminhões? E os aviões? Carros, navios, caminhões e aviões estão todos no mesmo segmento, o de transportes.
De quanto seria a economia que a adoção da tecnologia dos transportes autônomos geraria para as empresas de transporte marítimo? Fechar os olhos para esse avanço seria o mesmo que jogar dinheiro no lixo.
A Evolução Gradativa Das Aeronaves Autônomas
Para a implementação da nova tecnologia autônoma na aviação comercial, acreditamos que, em um primeiro momento, o processo se dará em aeronaves menores e de menor impacto diante da opinião pÚblica, apesar de grande o avanço para quem é afetado diretamente.
Explico: Drones agrícolas já são utilizados substituindo o trabalho braçal nas plantações. Por esse motivo, acreditamos que as aeronaves agrícolas serão as primeiras a passarem por tal processo rompedor com as antigas práticas agrícolas. Isso geraria economia para o produtor e, consequentemente, para o consumidor, que se encontra no final da cadeia de geração de valor.

Após chegar às aeronaves agrícolas, acreditamos que a tecnologia chegue às comerciais de pequeno porte, principalmente os helicópteros. Já ouviram falar do UBER AIR? O projeto é uma parceria entre a UBER e a EMBRAER, que objetiva criar o veículo voador elétrico. E não pense que essa realidade está longe de ser alcançada!
A proposta é apresentar os esperados táxis voadores já no ano de 2020. Até parece que viveremos uma realidade que antes só existia nos Jetsons (desenho que iniciou na década de 1960 e findou em 1987).

Há um tempo atrás, os motoristas de táxis de Londres eram submetidos à uma prova que ficou conhecida como prova de conhecimentos. E o quê isso tem em comum com a futura revolução no emprego de pilotos de aviões comerciais? Explico: o difícil emaranhado das ruas de Londres eram estudados por 3 anos por esses motoristas na capital Britânica e avaliados através de uma prova de conhecimentos.

Os motoristas que passavam eram prestigiados e tinham renda superior à classe média, porém com o advento do GPS, esse conhecimento não era mais uma vantagem e se tornou supérfluo, dando então à tecnologia a missão de navegar e mostrar o melhor e mais rápido caminho entre origem e destino.
E o que isso tem a ver com a aviação?
A resposta é: TUDO! O mesmo conhecimento exigido para pilotar aviões, que além de ação mecânica requer habilidade, é desempenhado pelo piloto automático. Em retrospecto, existiam aeronaves que requeriam até oito tripulantes técnicos, sendo eles um comandante, um primeiro oficial, um segundo oficial, um terceiro oficial, um engenheiro de voo, um operador de sistemas, um navegador e um radiotelegrafista.
Com a melhoria e surgimento de novos instrumentos de navegação, comunicação e sistemas, essa quantidade foi reduzida ao longo do tempo até chegar à configuração de três tripulantes: um comandante, um primeiro oficial e um engenheiro de voo – permanecendo assim por muito tempo, até a chegada do 737-200, que foi a primeira aeronave comercial a operar sem a presença do engenheiro de voo.
Logo o overhead tomou o emprego do engenheiro de voo. E quem tomará o emprego do segundo piloto nas aeronaves de hoje em dia? Se usarmos a analogia e olharmos em volta, isso não seria impossível. Talvez possa demorar, mas acreditamos que, a médio prazo, é possível sim, aeronaves comerciais voarem somente com um piloto. Inovar e inventar são verbos constituídos do mesmo princípio: desconstruir paradigmas. No entanto, as palavras possuem significados diferentes.
A invenção está muito relacionada à descoberta de algo novo. Já inovação se relaciona a um processo estruturado na busca do desenvolvimento de novas soluções para problemas existentes. Não temos a menor chance de competir com as máquinas em tarefas frequentes e volumosas!
Mas podemos fazer coisas que as máquinas não conseguem fazer como seres humanos, e uma delas é lidar com situações novas. Até que ponto esse emprego é reduzível à tarefas frequentes e volumosas e até que ponto ele envolve lidar com situações novas? É bom lembrar como o primeiro aparelho de microondas foi inventado.
Seu inventor era operador de radar na Segunda Guerra mundial e percebeu que o aparelho derretia as barras de chocolate em seu bolso quando o mesmo estava operando o radar. Então ele utilizou seu conhecimento de cozinha com seu conhecimento de radar e o microondas estava criado!
Ou seja, uma situação nova de associação, junção de ideias, que as máquinas não seriam capazes de realizar e, BINGO!
Como reinventar uma função E fazê-la de um jeito único, diferente e especial?
Como nos preparar para o que vem à frente? Profissões desaparecem e surgem o tempo todo. A Uber e a Airbnb são dois exemplos de como mercados que pareciam consolidados (taxistas e setor hoteleiro) podem ser ameaçados por novas tecnologias que trazem modelos diferenciados e colocam em risco a estabilidade dos concorrentes.
Acreditamos que a profissão de piloto passará por um processo de transformação e que, se um dia, aeronaves comerciais estiverem voando sem pilotos, os mesmos estarão remotamente monitorando e gerenciando o voo em alguma estação provida de tecnologia suficiente para um voo tão seguro, senão mais, que os voos de hoje.
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