No segundo artigo da série Aeroportos Brasileiros, conheça hoje o Aeroporto Santos Dumont, na cidade do Rio de Janeiro.

História e desenvolvimento
Rio de Janeiro, a cidade brasileira mais conhecida mundialmente. Sua beleza e História sempre foram de grande relevância, recebendo milhares de turistas anualmente e se tornando em um pólo turístico. E devido à enorme quantidade de pessoas que recebe, a capital fluminense foi uma promissora no transporte aéreo no Brasil. Ainda na década de 1930, o município, que na época era a capital federal, recebia diversos voos no atracadouro da Ponta do Calabouço onde chegavam e saíam os hidroaviões de rotas nacionais e internacionais. As aeronaves que somente pousavam em terra, ainda raras na época, aproveitavam o Campo de Manguinhos e as aeronaves militares da Aeronáutica (ainda chamada assim, pois a Força Aérea Brasileira só seria criada em 1941) e Marinha usavam, respectivamente, o chamado Campo dos Afonsos (fundado em 1912) e o Campo do Galeão (fundado em meados da década de 1920).
Por ser tratar de uma das maiores cidades brasileiras e de ser a capital federal, a cidade do Rio de Janeiro necessitava de um aeródromo condizente com o porte da cidade. Notava-se que a aviação evoluía para novos modelos de aeronaves, as quais deixavam cada dia mais de operar somente como hidroaviões. Um local para uma pista de terra precisava ser escolhido.
Com isso, o poder público escolheu dois possíveis lugares: o Campo de Manguinhos, onde pousavam os aviões terrestres, ou o Aterro do Calabouço, onde pousavam os hidroaviões. Este último, foi aceito como um bom local para uma aeroporto por diversos especialistas, e por se tratar de uma área central da cidade. O Campo de Manguinhos, na época, era um local relativamente distante.


O Aeroporto Santos Dumont foi idealizado pelo urbanista francês Alfred Agache, e as obras começaram no ano de 1934, com a ampliação do aterro e a construção da primeira pista de terra do aeroporto. Já em 1935, os primeiro os aviões de pequeno porte começaram a utilizar sua pista, de 400 metros.
No mês de Novembro de 1936, o aeroporto foi oficialmente inaugurado, com uma pista de 700 metros. Sua inauguração foi um marco para aviação brasileira, pois o Santos Dumont foi o primeiro aeroporto civil. Antes disso, todos os aeródromos eram vinculados à atividades militares.
O presidente Getúlio Vargas, por meio de decreto, batizou o Aeroporto com o nome de Santos Dumont, cerca de um mês antes de sua inauguração.


Durante a década de 1930, o Aeroporto Santos Dumont recebeu diversas melhorias, como a inauguração de uma estação para hidroaviões, o início da construção do lendário terminal de passageiros em 1938 (que foi paralisado durante a Segunda Guerra Mundial) e a ampliação da pista para 1050 metros, devido à alta demanda de voos na época. O Rio de Janeiro tinha, até então, uma maior quantidade de voos que São Paulo.
Em 1945, com o fim da Segunda Guerra, o terminal de passageiros foi concluído. Em 1947, a pista foi ampliada novamente para 1350 metros, e os voos internacionais foram transferidos para o Aeroporto do Galeão, que possuía pista maior e as aeronaves poderiam decolar com mais peso a bordo.
No dia 05 de Julho de 1959 foi inaugurada a Ponte Aérea entre o Rio de Janeiro e São Paulo, e que até os dias de hoje opera com muito sucesso. As primeiras empresas a operarem nesse tipo de voo foram a VARIG, a Cruzeiro do Sul e a VASP, com seus aviões Convair 240, Convair 340 e Scandia. Os voos da Ponte se caracterizavam (e ainda hoje se caracterizam) por transportarem passageiros que estão a trabalho, entre os dois estados. Muitos vão de manhã e voltam no período noturno, como citado no artigo sobre o Aeroporto de Congonhas.

Curiosidade: A Ponte Aérea era um acordo firmado entre companhias aéreas brasileiras que ofereciam várias viagens entre os aeroportos Santos Dumont e Congonhas, em São Paulo. Este acordo de excelência entre as companhias do pool da Ponte Aérea inspirou outras rotas no mesmo modelo de gestão, onde qualquer bilhete valia em qualquer companhia. O exemplo serviu até para a criação das rotas internacionais como Washington-New York, New York-Boston e Londres-Paris
Com a construção de Brasília na década de 1960 e a transferência da capital federal para esta, a cidade do Rio de Janeiro deixou de ser o principal hub, passando este posto para a cidade de São Paulo, devido a sua maior industrialização. Com isso, o Santos Dumont teve sua malha aeroviária reduzida.
Nas décadas de 1970 e 1980, o Santos Dumont recebia basicamente os voos regionais, da Ponte Aérea (com os ícones Lockheed Electra II) e voos executivos e da aviação geral. Em 1989 a Rio Sul criou a chamada “Ponte da madrugada”, que decolava às 01h00 da manhã, de CGH.
Em 1991, a Ponte Aérea começou a operar com aeronaves a jato, inicialmente com os Boeing (VASP, VARIG, Transbrasi犀利士 l, etc) e a posteriori, com os Fokker 100 da TAM e OceanAir.


Em fevereiro de 1998, um triste episódio aconteceu. Um incêndio de grandes proporções, que durou cerca de 8 horas, atingiu o terminal e o deixou muito danificado. Isso fez com que o Aeroporto fosse fechado e seus voos transferidos para o Galeão. Só foi reaberto em Agosto daquele ano, após reforma.
Nos anos 2000 o Aeroporto Santos Dumont passou por diversas ampliações e melhorias, além de restringir os aviões, passando a serem autorizados apenas aviões turboélices de até 50 passageiros, táxis aéreos, aviação geral e executiva. Aviões de grande porte a jato com destino a Congonhas não passaram por esta restrição. Em 2002 a Companhia GOL foi autorizada a entrar na Ponte Aérea. Foi a primeira a operar em SDU com aeronaves Boeing 737-800, com capacidade para até 189 passageiros a bordo.
Em 2018, a Ponte Aérea foi considerada a quinta rota mais movimentada do mundo, transportando cerca de 4,3 milhões de passageiros, e o Aeroporto recebendo cerca de 10 milhões de passageiros no geral. Em 2019, a Azul Linhas Aéreas começou a operar na Ponte Aérea com sua frota da Embraer.
Principais Acidentes/Incidentes
- Um avião Junkers JU 52, matrícula PP-SPF da VASP, caiu na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, após decolar do Aeroporto Santos Dumont, matando dezenove pessoas, no dia 8 de novembro de 1940.
- Outro avião Junkers JU 52, também da VASP teve dificuldades para pousar no Aeroporto Santos Dumont devido a um forte nevoeiro. Em uma segunda tentativa de pouso, o avião colidiu uma das asas com o prédio da Escola Naval, próxima ao aeroporto, desgovernando e caindo na Baía de Guanabara. O avião era procedente de São Paulo com 18 passageiros e 3 tripulantes. Apenas três pessoas foram resgatadas com vida. Este acidente aconteceu no dia 27 de Agosto de 1943.

- No dia 24 de junho de 1960, uma aeronave Convair 340, matrícula PP-YRB, da Real Transportes Aéreos, procedente de Belo Horizonte, caiu na Baía de Guanabara, matando 54 ocupantes.

Dados Técnicos e Operacionais do Aeroporto Santos Dumont
Área Bruta Locável (ABL): 8.207,80 m², que representam 11,6% do terminal de passageiros, distribuídos em subsolo, térreo, mezanino, 1° e 2° pavimentos. A ABL é segmentada em:
- Varejo: 1.906,35 m²
- Serviços: 2.228 m²
- Alimentação: 3.765,95 m²
- Ação Eventual: 307,5 m²
Total de pontos comerciais: 156
Movimento: AZUL • LATAM • GOL
Localização: Praça Senador Salgado Filho, s/n, Centro
CEP: 20021-340
Rio de Janeiro/RJ
Siglas IATA /ICAO: SDU/SBRJ
Sítio Aeroportuário: 833 mil metros²
Pátio de Aeronaves: 95.800 metros²
Pontes de Embarque: 8
Estacionamento de aeronaves: 13 Remotas
Dimensões da pista Principal (02R-20L): 1.323m x 42m
Dimensões da pista Auxiliar (02L-20R): 1.260m x 30m
Terminal de Passageiros: 19.000 metros²
Passageiros Capacidade/ano: 9,9 Milhões
Estacionamento de veículos: 1100 Vagas
Elevação: 10 ft (3 metros)
O aeroporto Santos Dumont se confunde com as belezas do Rio de Janeiro, e ainda mais, colabora com a paisagem paradisíaca da cidade. Suas aproximações e decolagens dão às pessoas a bordo uma visão ímpar das belezas cariocas. Pilotos sempre afirmaram que é a aproximação mais bonita do Brasil, e uma das mais bonitas do mundo. Músicas foram inspiradas por estórias vividas ao redor deste, como o Samba do Avião, do mestre Tom Jobim. Desejamos vida longa a este Aeroporto que é um ícone mundial.
